Vira e mexe vemos textos por aí falando de como o mundo atual nos empurra para o consumismo, nas cobranças que nos fazem para sermos felizes. É aquela história de que temos que ser ricos, bonitos, magros, sarados, viajar sempre, ter carro, sair à noite para festas, beber. Namorar, beijar, transar, rir o tempo todo, sermos sempre perfeitos, ter vidas perfeitas, não reclamar. Roupas da moda, acessórios, celular de última geração, TEMOS que ter tudo, TEMOS que ser tudo, super-homens, super-mulheres, casar, ter filhos, ser bem sucedido, cabelos lisos, soltos e sem pontas duplas, nada de cabelos brancos, dentes sim, brancos. Uma vida simples não é sinal de felicidade, a não ser que ela seja em uma fazenda ou sítio no interior, com fruta no pé, cachoeira de águas limpas, animais soltos, passarinhos cantando. Se for no interior da Europa, melhor ainda.
E aí estranham alguém se dizer feliz vivendo entre pobres, num bairro pobre, com programas pobres onde pobre aqui significa exclusivamente sem grana.
E, de uns anos para cá, temos o mais novo produto trazido sabe-se lá de onde diretamente para você! Para fazer você se sentir mal mais uma vez: o Dia dos Namorados!!!
É mais um dia para você se sentir triste por não ter alguém, achar que TODAS as outras pessoas estão em algum lugar trocando beijos em frente a uma lareira regados ao mais caro vinho importado. E você aí, largada, sozinha, abandonada, derrotada, FRACASSADA!! Não adianta nada você ser magra, bonita, com dentes brancos, carro do ano, cabelos lisos, soltos e sem pontas duplas, ser bem sucedida no trabalho, sair à noite, ser paquerada, viajar todo ano para um país diferente. Você está solteira no dia dos namorados, você não é ninguém, substrato de pó de nada!! As lojas exibem cores vermelhas e corações cor-de-rosa, em todo lugar se vê desenhos de casais mas você está sozinha!
Aposto que há uns 10 anos atrás você nem esquentaria com isso. Parece que a cada dia se cobra mais isso, que tenhamos alguém, que não há felicidade sem uma companhia romântica-amorosa-sexual permanente. Ao mesmo tempo vemos que o mundo é cada vez mais individualista e egoísta então existe uma máquina te empurrando para um problema que não existe em um mundo para o qual ele não tem solução. É como se quiséssemos fazer contas sem números.
E aí vem uma coisa curiosa sobre mim. Os únicos dias dos namorados que passei acompanhado eu estava solteiro. Acho que nos primeiros, quando namorava, nem se falava disso. Depois eu troquei presente e um selinho, a gente não tinha tempo pra fazer nada. Há sete anos eu passo o dia 12 de junho solteiro e não é algo que realmente faça diferença. Tenho momentos em que sinto mais falta de alguém e não é em um dia feito para que eu sinta mais necessidade de buscar uma felicidade que está no que os outros dizem e não no que eu quero.
12-06
Marcadores: Murdock
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1 Recados e afins.:
nossa, curti o post.
agora não vou me sentir mal no dia 12/06, rs.
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